Eu e Gabil

Eu e Gabil

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

EM BUSCA DA CURA.



Tive o prazer em conhecer no 1° Simpósio de Paralisia Cerebral a Suely H Satow uma pc ,bacharel em Filosofia e Comunicação Social pela PUC-SP; mestre e doutora em Psicologia Social pela mesma instituição, também especialista em Inclusão Social de Pessoas com Deficiência pela Universidade de Salamanca.
Suely me presenteou com dois livros de sua autoria : " Paralisado Cerebral- Construção da identidade na exclusão" e " Memórias de uma Incluída pela Exclusão"
Em uma narrativa de seu livro "Memórias de uma Incluída pela Exclusão", na fase em que todos nós mães e deficientes passamos, é a  "busca " pela  cura e por médicos onde acabamos por nos deparar em várias situações: algumas tristes , outras inusitadas e algumas muito engraçadas.
Um dos trechos que gostei e me identifiquei foi a sua visita a um centro de umbanda. Primeiro ri e depois me espantei porque apesar dos longos anos que separam o seu diagnóstico com o do Gabriel e com certeza de muitas crianças ainda pequenas, a fé que temos em encontrar a "cura" nos levam a viver situações parecidas com essa.
Segue o texto de Suely:

"Entre a procura por médicos fui parar num centro de umbanda indicado pela irmã mais velha de meu pai.Lá eles disseram que o espirito de um deficiente que meu pai conhecerá em Poços de Caldas( cidade balneária de MG ), que havia gostado muito dele, havia baixado em mim e eu teria que voltar para mais sessões para expulsar este espirito do meu corpo e mandaram que minha mãe me desse um banho de sete ervas. Quando fui para o terreiro, tive uma crise de riso e não parei durante algum tempo, pois a encenação era bastante engraçada. Ainda bem que todos pensaram que era riso nervoso"

A força da nossa fé deve nos levar, por todos os caminhos vividos, a aceitação de uma condição diferente dos da maioria e não numa busca incessante de cura, mas sim de uma melhora significativa de qualidade de vida, de um trabalho de estimulação o mais precoce possível para um aproveitamento melhor das potencialidades.
Hoje depois de 30 anos de convivência com meu filho Gabriel, percebi que deficiência não é castigo, não é doença, faz parte da natureza humana.
Respeitar essa condição é se despir da vaidade, sim porque o nosso sofrimento é por causa da vaidade de não sermos , ou não termos um filho em condições iguais ao da maioria .
 Ir a luta para uma verdadeira evolução é encarar as limitações de frente e buscar alternativas reais para o desenvolvimento da pessoa com deficiência ou mesmo para uma pessoa dita "normal" . Todos estamos no mesmo processo.
O verdadeiro milagre  está na aceitação porque é através dela que teremos condições emocionais e psicológicas para fazermos escolhas acertadas.



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